Manuezito mantinha birra com a mãe. Ele queria brincar com os meninos da rua e ela
apontava o chão da cozinha para varrer. Sempre foi assim, desde seus primeiros
anos de vida. Voz grave e certeza no olhar, há
coisas para fazer menino. Era o legado de sua tataravó, passado de geração
em geração. E o menino fazia.
Birriava e fazia. Varria o chão da cozinha que era o lugar mais sagrado da casa,
lavava as verduras, passava as roupas, penteava os cabelos dos irmãos após o
banho. O menino cresceu e aquelas palavras ressoam em seu ouvido, como se o
ontem fosse hoje, como se a barba no rosto não escondesse a meninice infantil. É que o mundo é mais do que um moinho, são vários. Aquela
casa era o mundo da mãe, cheio de coisas para se fazer. Sujeiras injustas entre
as panelas. Ainda há muita coisa para limpar nesse mundo. A vida é isso, pensa o menino, um mundo cheio de coisas para fazer,
até não haver mais sujeiras na cozinha.
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