Nunca tinha sentido
uma saudade tão bonita na minha vida.
Daquelas que
faz entortar a ponta do tempo
Que faz
encher os pulmões
encher o
vazio
esvaziar o
enchido
que faz enxergar
a chegada
e o vazio
e o silêncio
e a
caminhada sobre o vazio
O silêncio é
invisível
É bem bonito
Eu o vi.
que faz
quadrificar o redondo
igual um rio cor de arco-íris
igual uma xícara toda cheia de
rio
que faz ter
vontade de brincar
de
amarelinha
de
vermelhinha
de Maria Chiquinha
a vontade de
brincar de ser vento.
de ser chuva
de ser chuva
que cai na rua de barro
de ser chuva
transformada em poça
de ser chuva
que a menina tira para dançar
de ser chuva guardada pelo guarda-chuva
De proseiá com o vento
De tagarelá
com as nuvens
Saber como
anda a família da lua
De beber com
o passarinho
De dormir
com o sol
Ele dorme de dia às vezes
Toda terça-feira
Um pouquinho antes de eu ir comprar
pão
Sobre essa
saudade que é tão bonita
Mas tão
bonita
Que me faz
querer casar com ela
E tudo que
eu tenho eu divido com a saudade
A poeira
O resto
O deixado para
depois
O esquecido
O meu umbigo
O dedão do pé
Essa rapariga
que é tão formosa
E sem forma
sem molde
sem ciência
sem titulação
sem replicabilidade
sem comprovação
fica só no
dito
no vivido
quem quiser acreditar que acredita
pode não acreditar
também
tenho
um amigo que
engoliu
a verdade
se
engasgou
e morreu.
é tudo invenção
tudo coisa
da cabeça de quem não tem o que fazer
mas ela é linda
Que eu quero
viver com ela
me encher
dela
me esvaziar
dela
dormir com
ela
comer com
ela
Come-la e
dormi-la
Fazer tudo com
essa saudade que é tão bonita
E que me faz
bonito.
Lindo demais, guri!
ResponderExcluirpoxa, que lindo, Ailton!
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