quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Somos Fogo.


                                                      Somos fogo.

Quando menos esperamos vem um vento de longe, lá onde nasce o mundo passageiro,
e carrega consigo, não sei para onde, talvez lá onde nasce o mundo passageiro,
o nosso fogo.
Aquele mesmo que nos aquecia e que juramos queimar juntos para a eternidade.
E o vento passa, esfria, congela, escurece. O fogo apaga.
Então chega a parte boa, o momento do anonimato.
Quando está tudo apagado. A luz se foi. O calor se foi. As cores se foram.
O chão também.
Será que o vento apagou o fogo, ou o nosso fogo que me queimou?
Só restou algo que não conseguimos classificar direito: o cinza, ou as cinzas.
Nada é iluminado como antes.
Algo nem branco nem preto. O fim e a esperança juntos.
É quando ficamos sós e somos obrigados a nos responder por que estamos aqui.
E isso é o melhor de sermos fogo, a volatilidade.
A resposta que não responde.
Algo que não se pode pegar na mão, ou guardar no bolso.
Que baila com a brisa exterior.
E quando vem aquele vento forte, então nos deliciamos.
É quando tiramos férias para o novo fogo emergir
Com uma nova cor, um novo calor, uma nova energia para uma nova tempestade.
Na verdade não se trata de um apagamento, mas de um momento de fortalecimento.
A possibilidade de enriquecer nossa fogueira,
De colorir nossa luz apagada.
E chamar nossa chama.
Se não for para isso, qual a serventia do vento?

Eis o prazer de sermos fogo.
O dom de iluminar
A capacidade de aquecer
A opção de queimar
E o poder de reacender.
Um novo fogo, do velho pavio, entre tantos ventos.

Igual aquela vela de aniversário de ontem, que cismava em acender e acender...



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