Era uma vez uma cidade
fantástica, onde as borboletas elegeram como ninho para o nascer de
seu bater de asas, onde as pessoas se conhecem de infância, de
coração puro e por isso fazem ressignificar as fronteiras da
família. Nunca houve um roubo, uma traição, um crime. Nem mentira,
nem verdade, as coisas existiam porque assim eram para existir, sem
julgamentos finais e iniciais. Sem objetividade, pois não era
preciso acertar, nem correr.
Nessa cidade, onde a
felicidade existia sem se dar nome, num belo dia, surgiu um professor
de português, alfabetizador. O mestre encantou-se pela cidade e ali
ficou por algum tempo. Na sua estadia ensinou os garimpeiros, os
agricultores, as lavadeiras, os capoeiristas, a magia das palavras.
Ensinou os moradores a ler e a escrever. Depois do importante a árduo
trabalho o professor seguiu sua peregrinação pelo interior do país.
A cidade ficou ainda
mais fantástica. Placas, dando o nome das coisas, brotaram das mãos
dos nativos. Nas estradas, singelas placas indicam o caminho e na
mercearia do Amarildo, sobre a porta de entrada, ele escreveu seu
próprio nome com orgulho.
O filho do seu
Amarildo aprendeu a escrever na infância, como todos os seus
amiguinhos. Nessa época os primeiros poetas surgiram, assim como
livros vindos da capital. Todas as miragens já tinham seus nomes e
os sonhos aprenderam uma língua. Os netos do Seu Amarildo foram
fazer universidade na capital assim que completaram o ensino médio.
Hoje, a cidade
fantástica está em ruínas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário