Eram
dois meninos
cada
um na sua infinitude.
Eram
milhões de meninos
porque
eram milhões de palavras
Outro
que falava de despropósitos
Outro
que falava de seriedades.
Fluidez
e concretude.
Eles
interagiam por meio do desentendimento.
Outro
sorria, outro calculava
Outro
construía, outro soprava
Outro
planejava, outro lançava-se
outro
era instinto
outro
era cientista
Outro
apontava, outro desconhecia
Outro
inventava, outro também.
Era
o próprio castigo de Deus, as chicotadas de Babel.
Mas
como deus escreve o torto por linhas certas
Os
meninos interagiam assim
Nas
concordâncias do desentender
Cada
um no seu tempo,
na
sua cultura de desentender
e
de insignificar as coisas
Porque
os velhos já diziam:
Conversando a gente se arromba.
De
um lado falava-se em peraltagens
Rãs,
formigas, pássaros, árvores e cus.
Do
outro lado falava-se em paradigmas,
Estereótipos,
epistemologia e anus.
Outro
se preocupava com o que se guardava
na
caixa de pandora.
Outro
se preocupava com o material da caixa,
para
reproduzi-la.
Um
mantinha o mistério
Outro
criava as verdades, porque não descobria.
Descobrir a verdade é engraçado,
É supor que ela já existia.
Para
outro experienciar o fantástico, já era o bastante.
Outro,
outro, e mais outros outros.
Outros
que incomodam
que
apertam a nossa bunda, que nos fazem pular
e
no pulo o chão muda
e
é o medo da mudança do chão
que
nos fazemos Narcisos.
Que
mudamos os outros
deixando-os
mudos.
É
a pedagogia de significar as coisas
e
decidir as palavras
e
estabelecer os outros possíveis
mas
os meninos se diziam
se
diziam tanto
que
tapar o ouvido
se
olhar no espelho
foi
preciso.
E
as insignificâncias passaram a estabilizar sentido.
E
a festa acabou
a
luz apagou
não
veio a utopia
e
tudo mofou
sua
doce palavra
se
você gritasse
não
existe porta
outros,
e agora?
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