Em
seu vestido rosa cabe a primavera
no
seu pisar faz-se pétalas coloridas onde era cinza
sou
a semente que brota em teu corpo em forma de sorriso
metamorfizo-me
em beija flor
para
permanecer as asas em sua nuca
para
te ver de perto e poder parar o tempo quando quiseres descer
sou
a paisagem florida que multicolore seus olhos
e
dou-te o néctar do meu corpo
para
adocicar seu humor e saciar sua fome,
tu
que és como uma deusa do olimpo
em
seus cabelos encaracolados
enrolo
em espirais meus pensamentos
que
sempre voltam a lembrar teu nome
como
um refrão repetido, são os dias de outono
e
nas noites mais longas, faço-me de lençol
a
te tocar dos pés a cabeça, tudo ao mesmo tempo
como
se te comesse inteira.
Limpo
as folhas secas do seu jardim
para
que possas abrir a janela e sorrir, pois sou o dia que te espera lá
fora.
Colho
teu fruto maduro e não deixo sua folha amarelada de poesia cair
Agora,
meus braços são veludos de fio delicado
que
aquecem teu pescoço no frio do inverno
como
o cachecol trançado pelo mais artista artesão
faço-me
de chá, sopa, fumaça e fogueira
queimo-me
em calor para ver sua bochecha vermelha
sou
o café da esquina, que inspira tua escrita
sou
a própria literatura e o pensamento que a antecede.
Sou
a chuva que escorre pelo vidro da janela
a
te observar chorando de desilusão
e
sou também a lágrima que escorre pela sua face.
Em
noites de verão sou tua nudez a te tocar por inteira
a
brisa inesperada a provocar arrepios
sou
a luz do sol despertando teu dia
sou
todas as ondas que encontram teu corpo no mar,
e
todas as ondas a te esperar também.
Sou
o suor a caminhar por sua pele bronzeada
enquanto
esperas o sol do meio dia passar.
Sou
a tempestade de fim de tarde a te pegar desprevenida
a
areia da praia, o sorvete da esquina, o dia prolongado
sou
o guarda-sol que queima a pela para sua proteção
mudo
o clima, o tempo, as paisagens e você, para que não enjoe da vida e
nem de mim.
Além
de ser você, sou tu
e
por ser tudo isso, sou tua ausência também.
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