Nessa gelada noite de inverno,
desenrolo-me do cachecol,
desfaço
os nós.
Do
cobertor me retiro, descubro-me aos poucos.
Lá
fora os ventos sopram meus sonhos
Cá
dentro meu lar desconstrói paredes.
Talvez
isso seja eu, um cigarro mal tragado,
Jogado
aos restos,
a
rolar na rua,
esperando
outra boca e outro pulmão.
Esperando
não, pois o trafego da existência não permite pausas,
Sinal
vermelho.
Nas
ruas visito-me:
Os
teatros fechados, as cenas
já
não mais encenadas, encerradas.
As
ideias paralíticas, não feitas, não ditas
Os
beijos dentro do cinema demolido.
O
devaneio infantil agora civilizado.
Na
rua e só na rua,
Onde
a lua me alumia
É
que vagueia a vida
Em
um riacho de lembranças minhas.
De
ontem pra cá, dispo-me de fatos e calças,
de
falas e casos,
de
miragens e presságios.
Dos
escombros
das
memórias sobre os ombros de quem lembra.
Encontro
meu lar no ar
no
tempo do vento. Fora me vejo por dentro.
Porque
a rua me diz, me lê
e
passeia sobre minha estada.
Pontes,
vielas e mares.
Tudo
na mesma rua, esse rio
que
navega dentro de mim, que jamais seca,
que
jamais para, que jamais retorna,
porque
é impossível entrar duas vezes no mesmo rio
e
é impossível passear duas vezes
pelas
mesmas vielas
do
passado.
Lembrar
é seguir as memórias por-vir
Que
virão e verão.
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