Ao me vestir de
liberdade
Escolhi o conjunto
vazio
como os outros
manequins.
Dentre as opções
dadas
vesti-me de
liberdade.
Cor, número e
estilo
Os calçados que me
fazem pisar em vão
combinando com o
solo.
Vesti-me e me
embriaguei
da liberdade que dispensa
o sim
Que dispensa o ar
Que sobrevive dentro
do conjunto vazio
entre outros
vazios, que se completam
que se interagem.
E quem olha de
fora?
Aqueles que nem margens
são?
Para eles somos
cheios
de verdades e
conhecimentos
O carrinho de
supermercado que
carrega objetos com
a validade vencida
Ao me vestir de
liberdade
esqueci de me despir
esqueci de me
esvaziar
esqueci de me
esquecer
de ir, do ar, da
er.
Desterritorializei-me.
E numa rede
indígena me embrulhei,
Sem luz, sem povo e
sem som.
Eis a liberdade!
O não lugar da rede
a confortável
posição de negar um chão.
Gritei entre as
mãos da liberdade
que me abafavam:
Estou livre! Estou
livre!